A felicidade, como define a psicóloga Maria Klien, especialista em transtornos de ansiedade e medo, surge quando a vida se alinha às nossas expectativas. Entretanto, quando a realidade se distancia do idealizado, sentimentos de infelicidade e frustração emergem. É nesse contexto que a terapia se apresenta como uma ferramenta valiosa, promovendo a flexibilidade psíquica e a resiliência necessárias para enfrentar os desafios da vida, independentemente de como eles se apresentem.

“Nesse contexto, a terapia surge como uma ferramenta essencial para desenvolver a flexibilidade psíquica, nos permitindo lidar com a vida como ela é, às vezes como nós queremos, às vezes nem tanto, e às vezes bem diferente do ‘ideal’”, aponta a psicóloga.

Um dos pilares da terapia é o desenvolvimento da capacidade de discernimento das vozes internas. Segundo a psicóloga, nem todas as vozes que ecoam em nossa mente são confiáveis. É preciso aprender a distinguir a intuição genuína, que se conecta ao nosso “self”, do ego e seus medos infundados.

“Não é tudo que dizemos para nós mesmos, que vem de um lugar de intuição. A terapia nos auxilia a identificar a voz da nossa parte sã, e a diferenciá-la das vozes do medo e da insegurança. A terapia auxilia nesse processo, ajudando o paciente a identificar as diferentes vozes internas e a dar espaço àquelas que o guiam para o crescimento e o bem-estar”, destaca ela.

Steven Hayes, o pai da Terapia de Aceitação e Compromisso, coloca que a vida nos apresenta constantemente perguntas. Uma delas é: “O que faremos com o que estamos sentindo e pensando?”. A resposta a essa pergunta, segundo Hayes, determina a direção que tomamos: o caminho do sucesso e da abundância, ou o caminho da autossabotagem e da estagnação.
Maria Klien complementa essa ideia, afirmando que possuímos ferramentas internas e aprendidas para lidar com as adversidades. As ferramentas internas são as nossas virtudes inatas, como a resiliência e o bom humor. As aprendidas são aquelas adquiridas ao longo da vida, por meio de experiências, ensinamentos e relacionamentos. Ambas nos auxiliam a responder adequadamente às perguntas da vida, nos guiando rumo ao sucesso.

Entretanto, nem sempre é fácil acessar essas ferramentas. Maria Klien destaca a existência de uma voz interna sabotadora, que ecoa nossos traumas e inseguranças, minando nossa autoestima e alimentando o medo do fracasso. “A terapia atua no sentido de identificar essa voz, fortalecendo as vozes internas positivas e construtivas”, explica.

A terapia, portanto, se apresenta como uma aliada poderosa no combate aos transtornos de ansiedade e medo. Por intermédio do desenvolvimento da flexibilidade psíquica, do discernimento das vozes internas, do fortalecimento das ferramentas internas inatas e aprendidas, e da superação dos traumas e inseguranças, a terapia auxilia os indivíduos a construírem uma vida mais plena e feliz.