São Paulo tem uma nova galeria de arte. Com a exposição Sociedade de Vidro, a Galeria Meiuca abre suas portas nos dias 1º e 2 de fevereiro, das 10 às 20 horas. O fio condutor da mostra é a proposta de abrir espaço para um debate qualificado sobre a saúde da mente; sensibilizar e conscientizar o brasileiro acerca da temática; e desafiar artistas e designers a transformar o tema em obras de arte. Com curadoria conjunta do Instituto Bem do Estar e ONG Meiuca.org, a exposição reunirá peças produzidas por mais de 20 artistas nacionais.
A arte sempre foi um instrumento poderoso de revelação do mundo interior dos artistas e do inconsciente coletivo humano. Em um país que lidera o ranking mundial de casos diagnosticados de ansiedade e ocupa a quinta posição em depressão, a arte se torna também uma ferramenta poderosa para discutir e disseminar a importância da saúde mental – tema que ainda é visto como um tabu no Brasil. Alusivo ao Janeiro Branco, marco temporal estratégico destinado a potencializar iniciativas em prol da saúde mental, a iniciativa Galeria Meiuca dará voz a jovens artistas e designers interessados em explorar uma arte que provoca uma reflexão sobre um problema as sociedades contemporâneas.
Sociedade de Vidro
O título da exposição remete a esse material versátil que – embora seja forte e resistente a diversas temperaturas –, pode quebrar facilmente mediante um descuido. A mente é similar: aguenta diversas emoções (estresse, medo e tristeza); é versátil e mutável, mas, se não receber a devida atenção e cuidado, pode sofrer e quebrar. Inspirados por esse conceito, artistas como Tamilis Oliveira, Thiago Teixeira, Carla Garofalo, Kaique Valente, Giulia Garcia, Paulo Bruno, Luis Mello, Kel Oliveira, Isaque Pereira, Rodrigo Ferreira, Luiz Vicente, Carol Rahal, Fabiano Sassen, Neni Benavente, Rogério Alonso, Paula Neves, Marcio Casarotti, Koji Takaki e Bruno Capela criaram peças exclusivas para a exposição na Galeria Meiuca.
A artista Carol Rahal – cujas peças propõem uma releitura contemporânea dos elementos da estética surrealista, usando a fotografia como mecanismo capaz de registrar uma interpretação e criação de universos oníricos – participa da exposição com uma foto da série Universos de Dentro. “Essa peça dialoga com a temática da saúde mental porque aborda a noção de dentro e fora; realidade e ficção; e como habitamos os espaços quando estamos sozinhos. Questiona a nossa relação conosco quando estamos a sós; investiga que universos são criados por nós em nossa intimidade. Estou falando de adentrar sonhos; dar vazão à outras realidades – não as do concreto dos muros e edifícios. Trata-se de mergulhar profundo e permitir que nas sombras possamos descobrir mais sobre nós mesmos”, afirma a fotógrafa.
Por sua vez, Márcio Casarotti – mestre em Comunicação e Consumo, pesquisador de temas acerca da arte, cultura e comunicação – traz para a exposição uma peça que busca refletir questões metafísicas e psicológicas do indivíduo e as trilhas das relações com o mundo.
Segundo Isabel Marçal, cofundadora do Instituto Bem do Estar e uma das curadoras da exposição Sociedade de Vidro, a iniciativa tem por alicerce a observação do momento em que vivemos. “Estamos em um período da história da humanidade marcado por profundas mudanças comportamentais, formatadas pela tecnologia. A consequência tem sido o aumento da ansiedade, depressão e doenças relacionadas à saúde da mente na população em geral. O Brasil, inclusive, é campeão em número de casos diagnosticados em ansiedade e o quinto em depressão em nível global”, afirma Isabel. De acordo com a empreendedora social, a exposição é um convite para que a sociedade se aprofunde e expanda a consciência – pela via artística – sobre a saúde da mente para que possa, potencialmente, multiplicar e disseminar informações transformadoras. “Queremos desafiar o brasileiro a mudar o comportamento em relação à saúde da mente, colaborando para a prevenção de doenças psicológicas e contribuindo para uma sociedade mais consciente e saudável”, afirma.
*Imagens: Divulgação